POLÍCIA PARA QUEM PRECISA
Polícia para quem precisa
É do conhecimento de todos o fato de o
Estado Brasileiro viver uma grave crise política, em que diversos agentes
políticos estão submetidos a processos em que se apura aquilo que mais pode ser
nefasto a uma sociedade: a corrupção. Há denúncia criminal instaurada a apurar
fatos relacionados aos Presidentes do Senado Federal e Câmara dos Deputados.
Existe decreto de desaprovação de contas relativo à maior agente política da
Nação. Tem-se ação penal com pedido de prisão preventiva em desfavor de
ex-presidente. Ex-ministro e ex-deputados estão presos. Há pouco, havia senador
da República no cárcere. E pior: existem fortes indícios de que a corrupção
imperou nos últimos anos, envolvendo a mais alta cúpula, além da participação
da iniciativa privada.
Na segurança pública, direito de todos e
obrigação do Estado, existe um aparelho importante denominado de Polícia
Federal, cujo mister é, entre outros, “apurar
infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União...”(art. 144, I, § 1º, CF/88). Então, é a Polícia Federal “órgão permanente de Estado, organizado e
mantido pela União, ...” (art. 2ª-A, da Lei nº 9.266/96).
Pois
bem! Tem-se sempre a noção de que o aparelho policial existe para proteger a
sociedade e o Poder Público, notadamente no que disser respeito a patrimônio.
No entanto, ironicamente, o aparelho policial estatal, falando aqui da Federal,
em vez de despender tempo e recursos para o combate do crime praticado por
particulares (exclusivamente e para preservar o interesse público), está
atuando para combater o ilícito dentro do próprio Estado.
É
que a Polícia Federal, vinculada ao Poder Executivo, este que remunera os
agentes policiais, vem investigando e apurando ilícitos praticados por quem,
ainda, comanda o Pais, seja direta seja indiretamente. E aí se tem algo o mais
paradoxal possível, pois se encontra o Estado, no final das contas, atuando
para demonstrar a um outro poder, o Judiciário, que estes gestores públicos
roubaram o patrimônio público.
Nesse
contexto, relativamente à Polícia, “dizem que ela existe, prá ajudar! Dizem que
ela existe prá proteger! Eu sei que ela pode te parar! Eu sei que ela pode te
prender!...”(Titãs). Mas nunca pensei que Ela pudesse atuar para parar o
Estado; nunca imaginei que Ela pudesse investigar e prender tantos que estão no
comando, a quem se imputam crimes de toda ordem. Assim, infelizmente, o caso é
de polícia, mesmo! Então, “polícia para
quem precisa, polícia para quem precisa de polícia.”
(Rodrigo Ribeiro Cavalcante. Artigo publicado
no Jornal O Povo, edição de 28 de março de 2016, caderno de opinião, p. 9)
Comentários
Postar um comentário